Editorial

PIB menor que esperado, mas positivo

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ontem o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no terceiro trimestre de 2022 e apontou um resultado abaixo da expectativa de grande parte dos analistas do mercado financeiro. O percentual ficou em 0,4%, enquanto o projetado ficava na casa de 0,6%.

À primeira vista, pode parecer negativo. Sobretudo porque, olhando para o gráfico dos três trimestres deste ano, percebe-se que a representação de uma "escada invertida". Isto é, após iniciar o ano com dois resultados na casa do 1%, desta vez houve essa desaceleração. Contudo, o diagnóstico indica também um copo meio cheio. Isso porque, conforme o próprio IBGE, ainda que não seja o ideal, este desempenho da economia brasileira no período é o maior patamar da série histórica desde 1996. O que se soma ao resultado considerado bom do segundo trimestre, quando o PIB foi superior ao dos primeiros meses de 2014, período que antecedeu a entrada do País em uma prolongada recessão. Completa a lista de pontos positivos o fato de ser a quinta vez em sequência que o indicador fecha no azul.

Entre as explicações para este resultado entre julho e setembro que pode ser visto como de certa forma frustrante ante uma projeção mais otimista, mas também sob ótica positiva, estão, obviamente, os panos de fundo desse período. Se por um lado a continuidade de avanços na retomada da economia devido às quedas de contágio e óbitos por Covid permitiu principalmente que o setor de serviços ganhasse fôlego (foi, inclusive, o de melhor resultado, com alta de 1,1%), por outro a inflação teve seu papel de freio. Por conta dela, que resultou na elevação da taxa básica de juros pelo Banco Central, economistas afirmam que houve claro impacto na perda de ritmo da atividade econômica nos últimos meses. Quase como tentar correr com uma corda amarrada às costas, puxando no sentido oposto.

Em resumo, o PIB, ainda que inferior ao esperado no terceiro trimestre, dá bom indicativo sobre a economia nacional. Longe do necessário ainda, certamente. Contudo, deixa recado de que há espaço e potencial para que o País supere dificuldades que foram muito acentuadas nos últimos anos de pandemia e barbeiragens políticas. Resta saber com mais clareza como será conduzido o País no próximo período. Promover o crescimento, gerar empregos (notadamente os formais e com renda justa) e enfrentar os preços altos que corroem o poder de consumo das famílias e pesam sobre toda a atividade econômica é um caminho. É o que esperam trabalhadores, empresários e toda a sociedade.​

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